A Polícia Federal prendeu novamente Jobson Antunes Ferreira, 63 anos, conhecido como o “rei dos empréstimos”, acusado de comandar um esquema de fraudes bancárias que teria movimentado mais de R$ 2 bilhões. As informações foram divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (24).
Segundo a investigação, o esquema teve início nos anos 2000, em Itaipuaçu, distrito de Maricá, quando Jobson, então dono de uma loja de material de construção, passou a abrir empresas de fachada para obter empréstimos. Ao longo dos anos, ele chegou a criar 334 empresas registradas apenas no papel, muitas em um mesmo endereço, com o apoio de “laranjas” — inclusive pessoas em situação de rua —, contadores e, segundo a PF, até gerentes de bancos.
De acordo com a polícia, as empresas não possuíam atividade real: não tinham funcionários, produtos ou estrutura de funcionamento, existindo apenas de forma contábil. A investigação aponta que Jobson e seus comparsas ofereciam vantagens financeiras a funcionários de instituições financeiras para facilitar a liberação de crédito.
Jobson, ex-oficial da Marinha Mercante, também utilizava identidades falsas, com mais de 30 nomes diferentes. Ele teria contado com o apoio da esposa, Cláudia Márcia, que também usava documentos falsos. Ambos foram presos na última quinta-feira (21), em um condomínio de luxo em Piratininga, Niterói, imóvel que, segundo a PF, era usado para lavagem de dinheiro.
Jobson já havia sido preso em 2024, após um de seus laranjas ser flagrado tentando sacar dinheiro com documento falso, mas respondia em liberdade com tornozeleira eletrônica. Na nova prisão, a polícia afirma que ele tentou oferecer dinheiro ao delegado responsável pelo caso, sendo autuado também por corrupção ativa.
De acordo com o delegado Bruno Bastos Oliveira, o suspeito detalhou, durante interrogatório, como funcionava o esquema, sem demonstrar constrangimento. Jobson e Cláudia Márcia devem responder por estelionato qualificado, organização criminosa, lavagem de dinheiro e financiamento fraudulento.
Em nota, o advogado Jair Pilonetto, que defende o casal, afirmou que “os acusados não cometeram os crimes imputados a eles e que a inocência dos dois será comprovada no decorrer da instrução processual”.
A Febraban também se manifestou:
“Repudia qualquer envolvimento de funcionários de bancos em ações criminosas e realiza treinamentos periódicos com seus funcionários para que identifiquem e reportem transações suspeitas.”